sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O futebol.

É um jogo, aliás, um campeonato.
Tem muita gente assistindo.

Bola no campo.
Apito.
Correria.

Um time não sobrevive só de torcida.
Transpiração.
Retenção.

Game over.
Ninguém ganhou. Empate.
Muitas conversas técnicas:

- blá blá blá
- blá blá blá
- blá blá blá



Havia muitos pontos a seguir nas frases, finalmente, colocaram o final.
Conclusão: problema no ataque.

Fui ao estádio:
Olhei, olhei tanto que o olho secou.
Busquei, busquei tanto que não encontrei.

- E agora?
- Agora? Bola pra frente, oras! Foi só uma rodada e começo a gostar de futebol.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A primavera.


Asher Durand, Early Morning at Cold Spring, pormenor, 1850







Sempre tão bela, oh primavera!

[ provavelmente, muitos já fizeram essa rima, que de tão boba chega a ser agradável ]



Amo flores, cores quentes, alegria, vestidos, drinks de frutas e cabelos ao vento.
Ok.
Acabou o deslumbre, mas continua sendo minha estação favorita.
Primavera? Primavera me lembra paixão.



E, agora a primeira pessoa se retira:


.
.
.


A paixão é uma patologia que confirma o desequilíbrio humano.




Quando não é correspondida se assemelha ao suor secado pelo calor do sol.



Fica impregnado e você não vê a hora de tirá-lo.



Toma banho, esfrega e reza para que toda aquela secreção desça pelo ralo.



E, ainda desconfiado, pega uma bucha e esfrega a pele até começar a vermelhidão. Não satisfeito, esfrega mais e mais. Sangra.



Nesse momento, certamente, o suor já se foi, mas sua essência abraça sua carne como um vampiro, cresce como rizomas, atinge a alma e impossibilita a paz.






Drama? Ah, sim. É a principal característica.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Os fragmentos.

Isabel Castilho
Óleo sobre tela 60 x 60 cm

Relações fragmentadas,

merecedoras de muita confusão e angústia.

(para pouco tempo)

escorre, escorre, escorre...

Relações fragmentadas,

dignas de muitos calmantes e bebidas.

(para pouca vida)

morre, morre, morre...

Relações fragmentadas,

modernas e desprezíveis.

(para muita gente)

corre, corre, corre...

.

É, o negócio é prosa... porque poesia, definitivamente...

tsk tsk tsk


segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O boteco.


- Por onde as naus de Cabral penetraram a costa brasileira?

- Porto Seguro? Prado? Alcobaça?

- A disputa é grande...

- E onde Tiradentes nasceu?

- Ritápolis? Tiradentes? São João?

- Olha, não sei... Garçom mais uma!

- Mais uma?

- Por que não? Todo mundo vê as pingas que tomo, mas jamais os tombos que levo. As naus penetraram nas Minas e Cabral nasceu na Bahia, oras!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

As dicas.

Dicas para uma vida feliz:



  • Não questione Deus ou sua existência. O tempo dele parece ser infinito, o nosso não é.

  • Ame sua família. Aperte muito as bochechas das crianças, quando elas crescerem, dificilmente, deixarão você apertá-las de novo.

  • Seja honesto.

  • Tenha sempre algo para cuidar, dê preferência para sua vida.

  • Não busque a perfeição. Ela não existe e a psicose doentia pela otimização do ser, te levará aos distúrbios modernos como stress e transtorno bipolar.

  • Confie em quem você beija na boca. Sofrer faz parte do processo.

  • Ouça música alta e dance da maneira que quiser, não se importe com o que os outros vão pensar, e, se você for apontado, morda o dedo indicador de quem o fez.

  • Coma de tudo, mas não muito. Aumentar o peso na balança é fácil, já o contrário...

  • Evite falar muito. Quando a boca se recusar a ficar fechada, apele para fitas adesivas e outros meios de expressão, como arte, música ou literatura.

  • Guarde seus preconceitos, todos temos os nossos, mas não precisamos defendê-los. Se alguém te disser que é livre de preconceito, desconfie.

  • Não leve desaforos para casa. Rodar a baiana é essencial em alguns casos. Em um futuro breve, renderão ótimas histórias e gargalhadas.

  • Quando você pensar em suicídio, vá para um bar e encha a cara. A única certeza da vida é a morte, não queira antecipar isso.

  • Nunca tenha uma arma na bolsa. Porque, certamente, você será preso e a prisão não é legal.

  • Não se intrometa no trabalho alheio, para isso, contrate apenas especialistas.

  • Evite gastar mais do que ganha. Complicações com bancos são chatas e demoradas.

  • Faça um luau com amigos na beira da praia, mas não deslumbre e não vire hippie.

  • Use drogas ilícitas ao menos uma vez na vida. Ter uma pequena noção do que sua mente é capaz fará com que você se conheça melhor (ou não, rá!).

  • Beije alguém do mesmo sexo que o seu. O sal não seria tão bom sem o açúcar.

  • Vá para o interior algumas vezes. Inspire o cheiro do café recém cuado saindo pelas janelas e o sinta atravessar seus pulmões, faça desse odor um convite e sente na sala de algum velhinho. Converse com ele, pegue na sua mão e ouça com muita atenção cada palavra. Não deixe que sua arrogância impeça essa experiência. Vale lembrar que eles já foram jovens, mas você nunca foi velho.

  • Por fim, crie suas próprias dicas. Invente, grite, sonhe. E, como costuma dizer um amigo: se tudo der certo, vai dar uma merda do caralho.